Glossário LITDIGBR

HUMANIDADES DIGITAIS

Manaíra Aires Athayde

O termo “Humanidades Digitais” (HD) refere-se ao uso de tecnologias digitais e métodos computacionais nas áreas das Humanidades, promovendo novas formas de pesquisa e acesso ao conhecimento. Com foco em big data, machine learning e visualização de dados, as HD abordam questões socioculturais, como justiça social e inclusão digital, mas enfrentam desafios relacionados à desigualdade e à hegemonia de paradigmas eurocêntricos.

O termo “Humanidades Digitais” (HD) é utilizado para definir tanto um campo de conhecimento quanto uma comunidade de práticas ou os discursos sobre essas práticas. Ainda que seu uso tenha se consolidado nos anos 2000, as suas origens remontam aos anos 1940, quando surgiram os primeiros projetos que utilizavam computadores para realizar análises linguísticas e literárias. Embora as HD não tenham alcançado uma estabilidade crítica ou se constituído como um campo unificado, há um entendimento comum de que elas combinam métodos computacionais e tecnologias digitais com as práticas das Humanidades, tendo os seus escopos ampliados num contexto de crescente dependência tecnológica.

As HD abrangem o processamento e a análise de grandes volumes de dados (big data), permitindo a identificação de padrões textuais e revelando aspectos que não seriam acessíveis de outra forma. Por isso, muitos projetos utilizam softwares de análise de texto, visualização de dados e machine learning, que não apenas transformam os métodos de pesquisa, mas também os próprios objetos de estudo. Além disso, esse campo examina as implicações socioculturais das tecnologias digitais, promovendo novas maneiras de produzir, acessar e compartilhar conhecimento. Entre seus principais avanços, destacam-se a democratização do acesso a dados e arquivos anteriormente restritos e a ampliação da diversidade de vozes e perspectivas. O campo também fomenta amplas discussões sobre justiça social, decolonização do conhecimento e inclusão digital através de análises, por exemplo, dos impactos da inteligência artificial e da colonialidade digital em diferentes sociedades e contextos.

Um dos grandes desafios das HD é desenvolver análises críticas que não se limitem à quantidade de dados processados, evitando assim resultados que restrinjam a compreensão dos fenômenos estudados. Outro desafio significativo tem a ver com a frequente reprodução das assimetrias e desigualdades econômicas, desconsiderando que as sociedades não se encontram nos mesmos estágios de produção tecnológica e de democratização do acesso às tecnologias. Por isso, tem sido constante a crítica à hegemonia dos paradigmas das HD, estabelecidos desde o início do campo pelos eixos anglo-americano e do norte da Europa. É importante também ressaltar que as ferramentas digitais, longe de serem neutras, são produtos de lógicas socioculturais, políticas e econômicas que podem reproduzir ou desafiar formas de poder, exclusão e controle. Portanto, é fundamental ampliar o debate sobre a geopolítica das HD e promover modelos epistemológicos que apresentem uma imagem diversificada de suas práticas e tradições em diferentes contextos culturais.

COMO CITAR ESTE VERBETE:

ATHAYDE, Manaíra Aires. Humanidades Digitais. In: CATRÓPA, Andréa; PEREIRA, Vinícius Carvalho; ROCHA, Rejane (Org.). Glossário LITDIGBR – Literatura Digital Brasileira. 2025. Disponível em: https://glossariolitdigbr.com.br/humanidades-digitais/ Acesso em: dia/mês/ano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FUNDAMENTAIS

O volume explora como as subjetividades, sensibilidades e estéticas que se originam na diversidade cultural e linguística da América Latina têm contribuído para as discussões teóricas e artísticas das Humanidades Digitais. Apresenta tendências críticas, pedagógicas e criativas que mostram como as práticas digitais estão reformulando discursos socioculturais, políticos e econômicos, além de reconfigurar as formas de produção de conhecimento nos planos local, nacional e global.

O livro examina como as Humanidades Digitais têm sido moldadas sobretudo por perspectivas eurocêntricas e norte-americanas, propondo uma abordagem mais inclusiva e crítica que enfatiza as experiências e desafios enfrentados pelo chamado “Sul Global”. São abordadas ainda as implicações culturais, políticas e econômicas das tecnologias digitais, oferecendo uma visão plural sobre as práticas do campo.

O livro apresenta uma análise crítica das implicações das Humanidades Digitais na reconfiguração de práticas acadêmicas e no acesso ao conhecimento, levando em conta as especificidades socioculturais de países de língua portuguesa. Por meio de estudos de caso e reflexões teóricas, os autores discutem os desafios da preservação de patrimônios culturais locais e a adaptação a paradigmas digitais globais, destacando a tensão entre inovação tecnológica e as particularidades regionais.

O artigo apresenta um panorama das transformações que as Humanidades Digitais têm experimentado desde os anos 1950, mostrando como o desenvolvimento das tecnologias digitais teve profundas implicações nas práticas de pesquisa e ensino das humanidades ao longo de décadas.

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