Poesia de código é uma forma mais comum em língua portuguesa para se referir ao gênero conhecido como codework em inglês, cunhado por Alan Sondheim (2001) em um ensaio dedicado ao gênero.

Na poesia em código, existe um trocadilho gráfico entre a tradicional organização de versos na poesia impressa, um abaixo do outro, e a mesma disposição de comandos em linhas de código. Aproveitando-se da semelhança visual na organização desses signos, autores de poesia em código misturam uma ou mais linguagem(ns) natural(is) e uma ou mais linguagem(ns) de programação para compor seus textos. Nas primeiras experimentações com o gênero, eram mais comuns as hibridações entre o inglês e linguagens de programação como Perl e C++ (havendo inclusive autores que se referiam a Perl Poetry como um gênero de literatura eletrônica específico). Hoje, há projetos em diferentes línguas naturais, combinadas com linguagens de programação mais contemporâneas e voltadas para a web, como JavaScript e Python.

No contexto brasileiro de poesia de código, tem destaque o projeto Poesia Compilada, criado por Soraya Roberta dos Santos Medeiros com o objetivo de gerar reflexões sobre o cotidiano e propor intervenções a partir da escrita de poemas na forma de código algorítmico. As temáticas do projeto abordam o papel da mulher na sociedade e na classe trabalhadora, suscitando críticas ao racismo, homofobia e xenofobia, por exemplo. O projeto começou em 2012 em formato de um Manifesto Literário on-line, o qual mistura a sintaxe do português com as linguagens HTML, CSS e TypeScript, inspirado no Manifesto Antropofágico, com nuances Futurísticas e da Poesia Concreta.

Ainda no universo brasileiro, cumpre destacar que a pesquisadora Giselle Beiguelman não trata o codework como especificamente relacionado à poesia, e sim à escritura de modo geral. Para a autora, “[n]a sua vizinhança, e por vezes fundindo-se com a arte-programa, são particularmente importantes, nessa exploração da leitura e da escritura computadorizada, os projetos na área de codework (”codigobra”). Eles nos fazem encarar a pergunta que não quer calar: o que acontece quando esse texto que se oculta no próprio código de programação vem à tona quando ocupa a superfície da tela?”. Sob tal perspectiva, a autora trata também como codework a obra em Flash Code Movie 1, de sua autoria, em que torna visíveis e dinâmicos os códigos hexadecimal, ASCII e binário que subjazem a imagens .jpg.