A Instapoesia é um gênero ligado ao Instagram, com debates sobre seu escopo, envolvendo desde poemas diagramados como imagens até textos em legendas e capturas de tela. Caracteriza-se por sua brevidade, temas como autocuidado e empoderamento, além de forte identidade visual.
Como o nome sugere, a Instapoesia é um gênero intimamente associado ao Instagram. Não há, porém, consenso se o termo se aplica apenas a textos poéticos diagramados e postados como imagens nessa rede, ou se engloba também textos publicados como legendas, fotos de poemas impressos, capturas de tela de outras redes, etc. O uso do termo é controverso mesmo entre os instapoetas, muitos dos quais recusam a alcunha.
Segundo Mackay e Knox (2024), o instapoema prototípico é breve e frequentemente tematiza autocuidado, amor, perda, empoderamento e espiritualidade. Sua diagramação é, em geral, cuidadosa, com cores, imagens e tipografia atraentes, podendo constituir uma identidade visual que, em alguns casos, se manifesta não só em cada postagem, mas também na construção dos efeitos visuais de conjuntos de postagens no feed ou no grid. São exemplos de influentes instapoetas a autora indo-canadense Rupi Kaur e a brasileira Ryane Leão, mulheres jovens e periféricas (perfil comum a esse campo) que postam de modo massivo e constante textos com as características acima descritas, o que favorece sua difusão pelos algoritmos da plataforma. O grande número de seguidores das autoras alçou-as também à posição de influenciadoras digitais, permitindo-lhes monetizar não apenas sua escrita, mas também o licenciamento de sua imagem e seus versos em anúncios publicitários. A associação entre instapoesia e o mercado é um ponto que suscita críticas entre especialistas como Rodríguez-Gaona (2019). Kathy Berens (2019) descreve a instapoesia como indissociável da ação do tecnocapitalismo nas redes sociais, cujos algoritmos “leem” o leitor e comercializam seus dados enquanto este lê ou interage com os poemas postados.
Por outro lado, há também autores de instapoesia experimental, que se afastam do mainstream na rede e convidam a diferentes experiências de leitura. Por exemplo, Caio Ribeiro constrói seus “Impulsopoemas” usando o recurso de enquetes nos stories, compondo versos a partir de sugestões de palavras enviadas por usuários, enquanto Marlene Font usa filtros e stickers dos stories para compor o poemário “Sad Trash” nos destaques de seu perfil.
COMO CITAR ESTE VERBETE:
PEREIRA, Vinícius Carvalho. Instapoesia. In: CATRÓPA, Andrea; PEREIRA, Vinícius Carvalho; ROCHA, Rejane (orgs.). Glossário – LITDIGBR – Literatura Digital Brasileira. 2025. Disponível em: https://glossariolitdigbr.com.br/instapoesia/ Acesso em: dia/mês/ano.
Ensaio que discute em que medida a instapoesia pode ser considerada um gênero da literatura eletrônica embora em geral não apresente algumas das principais características das obras desse campo, como a interatividade e o experimentalismo com as formas e mídias.
Livro sobre a instapoesia, problematizando marcas da produção poética de jovens autores na rede, como a efemeridade, superficialidade e sua associação direta com a indústria cultural, e o modo como esses traços se refletem nas mudanças que a poesia em rede social impõe às práticas de escrita e leitura.
Coletânea de 13 capítulos, de diferentes autores, sobre a instapoesia, abordando o tema a partir de perspectivas como sua relação com o campo da literatura eletrônica, o caráter confessional do gênero, marcas da plataformização da instapoesia, sua associação com o capitalismo de plataforma, questões de ecocrítica etc.
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