Glossário LITDIGBR

Literatura em campo expandido

Maria Elisa Rodrigues Moreira
Bruna Fontes Ferraz

A discussão sobre o campo expandido nas artes começou nos anos 70, mas só nos anos 2000 foi aplicada à literatura por pesquisadoras como Mieke Bal, Josefina Ludmer e Florencia Garramuño. Garramuño destaca a inespecificidade como característica central da arte contemporânea, em que as fronteiras entre as artes se tornam nebulosas. A literatura agora incorpora outras linguagens, como fotografia e ilustrações, e dialoga com tecnologias, cultura digital e diversas mídias, exigindo uma perspectiva mais ampla para sua compreensão na contemporaneidade.

A discussão sobre o campo expandido nas artes inicia-se na década de 70 do século XX, com publicações de Gene Youngblood e Rosalind Krauss que refletem, respectivamente, sobre mudanças que atingiam o cinema e a escultura desde o início da segunda metade do século XX. No entanto, é apenas nos anos 2000 que essa nomenclatura passa a ser utilizada com relação à literatura, por pesquisadoras como Mieke Bal, Josefina Ludmer e Florencia Garramuño.

É Garramuño quem sistematiza de forma mais aprofundada essas reflexões, ao apontar que a inespecificidade é uma característica central da arte contemporânea. Para ela, as diversas manifestações artísticas, entre elas a literatura, cada vez mais rompem com os limites tradicionais que nos permitiam dizer que determinada obra era uma escultura, uma pintura, uma narrativa literária ou um poema.

Hoje, as fronteiras entre essas artes não são tão claras. O texto literário muitas vezes se constitui por meio da incorporação de outras linguagens, como a fotografia ou ilustrações, às palavras que constituem sua principal premissa, acrescentando mídias e suportes diferentes ao canônico, como o códice no caso da literatura. Em outras situações, apresenta-se bastante fragmentado, sendo composto por materiais heteróclitos temática, material e tecnologicamente. Ainda em outros casos, abre-se a questões advindas de diversos “campos” do conhecimento.

A expressão Literatura em campo expandido consolida-se nesse contexto, remetendo à necessidade de que, para se pensar a literatura na contemporaneidade, ela seja tomada em perspectiva mais ampla, que considere seu diálogo com as tecnologias e a cultura digital, com o mercado e a sociedade, com as diversas linguagens artísticas e midiáticas. 

COMO CITAR ESTE VERBETE:

MOREIRA, Maria Elisa Rodrigues; FERRAZ, Bruna Fontes. Literatura em Campo Expandido. In: CATRÓPA, Andréa; PEREIRA, Vinícius Carvalho; ROCHA, Rejane (Org.). Glossário LITDIGBR – Literatura Digital Brasileira. 2025. Disponível em: https://glossariolitdigbr.com.br/literatura-em-campo-expandido/ Acesso em: dia/mês/ano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FUNDAMENTAIS

Neste livro, a pesquisadora argentina apresenta uma reflexão sobre a produção estética contemporânea que se caracterizaria por sua fluidez, remetendo à questão da expansão ou ampliação do campo literário. Para tanto, toma como exemplos obras que não se enquadram em categorias ou linguagens artísticas tradicionais, demandando do pesquisador um movimento crítico que também ultrapasse as fronteiras do específico.

Este é um livro organizado por Ana Kiffer e Florencia Garramuño que agrupa textos próprios e dos pesquisadores Álvaro Fernández Bravo, Celia Pedrosa, Karl Erik Schøllhammer e Wander Melo Miranda. A análise dos autores é fluida e móvel, tal como os objetos estéticos que analisam. Assim, contemplam temáticas heterogêneas, que se conjugam por seus diferentes modos de não pertencimento, incluindo dos povos ameríndios às produções estéticas contemporâneas em suas mais diversas materialidades.

Partindo da noção de “literatura em campo expandido” e considerando que a literatura digital integra esse campo, a autora investiga as ideias de “deslocamento” e de “migração” da literatura expandida latino-americana em domínio digital, mais especificamente os trabalhos de Eugenio Tisselli e de Gabriela Golder. Ao observar como as várias línguas, linguagens e mídias se conjugam ao tecnológico, Kozak evidencia como as manifestações literárias contemporâneas reivindicam novos modos de ler, sobretudo, da crítica. 

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Ana Kiffer problematiza as relações entre o corpo e a escrita a partir da obra de Artaud.

De Novo, um livro de Gustavo Piqueira, que expande as fronteiras de sua própria materialidade.

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