A literatura infantil e juvenil digital é um campo da produção literária cujas obras se utilizam das possibilidades e contextos ofertados pela mídia digital, como a interatividade, a conectividade e a multimodalidade, para criar propostas literárias endereçadas ao público infantil ou juvenil. Pode incluir obras criadas por crianças e jovens dentro do contexto da cultura digital – por exemplo, fanfics e conteúdo publicado pelas redes sociais – mas mais frequentemente se refere a obras produzidas comercialmente, no contexto da indústria editorial – e, portanto, por adultos – voltadas a crianças ou jovens.

Trata-se de uma produção muito diversa, que se destaca por sua construção multimodal em que são salientadas as potencialidades literárias da imagem (estática e em movimento), do som (voz, música e efeitos sonoros), e por vezes até mesmo dos gestos, em diálogo com o texto verbal. O tipo e a complexidade das propostas interativas variam significativamente, sendo frequentes os hotspots, ou áreas interativas nas ilustrações que ativam, por exemplo, animações, sons ou novos textos verbais. 

Pode se apresentar em diferentes formatos de publicação, como páginas web ou aplicativos para dispositivos móveis, sendo que o desenvolvimento do último levou a um aumento significativo dessa produção durante a década de 2010. Historicamente, o formato de CD-Rom também foi utilizado em obras para esse público.

Dentre as produções nacionais, destaca-se a obra Flicts, de Ziraldo, que nasce como livro ilustrado analógico (1969) e é alvo de duas adaptações, uma para CD-Rom (1994) e a outra como aplicativo literário (2004). No campo dos aplicativos, a Editora Caixote (e.g., Marina está do contra, 2017) e a publicadora Storymax (e.g., Inventeca, 2018) são produtoras de visibilidade, com obras premiadas nacional e internacionalmente.

A literatura infantil e juvenil digital apresenta dificuldades de comercialização e de reconhecimento no sistema literário convencional. Como resultado, muitas obras deixam de estar disponíveis ao público apenas alguns anos após a publicação, como as diferentes versões de Flicts e das obras da Editora Caixote.