O poema hipermídia é uma forma de literatura digital que combina hipertexto com elementos multimídia, como imagens, áudio e vídeo, em estruturas não lineares. Surgido com ferramentas como o HyperCard nos anos 1980, evoluiu para a web na década de 1990. Destaca-se pela integração entre texto e mídias visuais e sonoras.
Um poema hipermídia pode ser definido como forma de literatura digital sofisticada, construída com base numa estrutura hipertextual, e que tem como condicionante a inscrição de outra mídia no processo de sua realização. De fato, Chris Funkhouser entende que, a partir das bases propostas por Ted Nelson e com o desenvolvimento de condições tecnológicas favoráveis em meados dos anos 1980, o hipertexto foi englobado pela hipermídia, permitindo a composição de textos com imagens (estáticas ou em movimento), áudio, música e outros componentes multimídia em construções não lineares, acessíveis a partir de um navegador de internet.
No entanto, as primeiras obras poéticas hipermidiáticas foram feitas e distribuídas em publicações HyperCard, como o Zaum Gadget (1987), de Amendent Hardiker, um “ciber evento interativo” com múltiplas possibilidades hipercoordenadas.
O Hypercard era uma aplicação interativa do Macintosh que permitia a criação e o compartilhamento de narrativas e poemas híbridos interativos, de modo que os leitores podiam visualizar e interagir através do Hypercard player, da Apple. Muitas dessas primeiras produções foram distribuídas em disquetes e CD-ROM, e só mais tarde, em meados dos 1990, se deslocaram para a Web. Mas em mídia local ou web, importam nessas obras os links e as passagens do verbal para as linguagens não verbais, em sua arquitetura não linear; e por isso muitos autores, como George Landow, não veem distinção entre hipertexto e hipermídia, sendo que muitos a consideram um desenvolvimento dos sistemas multimídia.
A hipermídia é potencialmente visual, como uma colagem em camadas, como o CD-ROM Interpoesia (1999), de Wilton Azevedo e Philadelpho Menezes, obra multimodal, interativa e fortemente imersiva, e Antilogia laboríntica (1997), de André Vallias. Outras recentes são: E-imigrações, de Alckmar Luiz dos Santos, e Grão, de Álvaro Andrade Garcia.
COMO CITAR ESTE VERBETE:
SILVA, Rogério Barbosa. Poesia hipermídia. In: CATRÓPA, Andrea; PEREIRA, Vinícius Carvalho; ROCHA, Rejane (orgs.). Glossário – LITDIGBR – Literatura Digital Brasileira. 2025. Disponível em: https://glossariolitdigbr.com.br/poesia-hipermidia/ Acesso em: dia/mês/ano.
A obra é uma seleção de textos teóricos e práticos em torno das discussões sobre hipermídia e estudos literários. Realiza, com a colaboração de autores diversos, um apanhado crítico em torno de projetos de hipermídia e aplicações criativas na poesia e na ficção. A obra precede os célebres estudos de Landow sobre o hipertexto, cujo ápice é Hypertext 3.0 (The Johns Hopkins University Press, 2006).
Como diz o título, a obra é um estudo documentado com um histórico analítico sobre a poesia digital, expandindo o campo a partir das poéticas experimentais. Portanto, considera não só os primeiros poemas digitais encontrados pelo autor, como algumas criações experimentais visuais que precedem a poesia digital. O foco recai em grande parte em programas e experimentos realizados antes da Web, em meados dos anos 1990.
A obra explora a interseção entre a poesia e as tecnologias digitais, mostrando como essas tecnologias e seus procedimentos influenciam e transformam a criação e a experiência poética. Para além das conceituações e reflexões sobre as diversas formas de poéticas tecnológicas, o autor realiza um inventário importante que coloca lado a lado a produção poética digital (ou eletrônica) brasileira e a estrangeira.
Grão– Acesse material sobre o poema hipermídia de Álvaro Andrade Garcia no Atlas da Literatura Digital Brasileira.
DE VERSO – Acesse material sobre o poema hipermídia de André Vallias no Atlas da Literatura Digital Brasileira.
PALIMPGESTO – Assista a um vídeo com o registro do poema de Wilton Azevedo.
EMIGRAÇÕES – Acesse material sobre o trabalho de Alckmar Luiz dos Santos no Atlas da Literatura Digital Brasileira.
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